quinta-feira, 26 de março de 2015

Calvin e a crítica à manipulação da grande Mídia


Sátira certeira sobre o poder manipulador e alienador da grande Mídia, pelo personagem Calvin, de Bill Watterson:


















A indignação seletiva não serve mais para o Brasil

Por Márcio Pozzer


Fonte: Cidade Aberta


A corrupção é um mal crônico da sociedade brasileira. E, mais uma vez, vivemos a oportunista tentativa de se fazer uso político dela.

Ainda que, “nunca antes na história deste país”, tenham se apurado tanto as suspeitas de corrupção no setor público federal, a realidade é que, infelizmente, apuram-se as responsabilidades de uns e se toleram as de outros.

O setor privado, que é o grande gerador deste mal, fruto de uma cultura patrimonialista, passa despercebido deste processo. Com isso, cria-se a falsa ilusão de que o maior problema da sociedade são os políticos, criminalizando a política de maneira geral e fazendo com que os mesmos grupos e as mesmas famílias de sempre se beneficiem da falta de participação e controle social.

A democratização dos meios de comunicação é um fator determinante para se cultivar uma sociedade com valores democráticos e republicanos, não sendo saudável que 6 ou 7 famílias detenham o “monopólio” da comunicação do país.

A matéria veiculada pelo Blog do jornalista Fernando Rodrigues, segundo o qual 22 empresários de mídia e 7 jornalistas têm seus nomes nas listas divulgadas de pessoas que possuem contas irregulares na Suíça, foi rapidamente “escondida” pelos principais portais de notícia e não recebeu nenhuma atenção dos veículos tradicionais de comunicação, deixando a parcialidade da mídia evidente. Eles informam o que querem e como querem. Esta prática antiética, somada ao monopólio da informação pode levar a população a virar simples massa de manobra de seus interesses.

http://fernandorodrigues.blogosfera.uol.com.br/2015/03/14/22-empresarios-de-midia-e-7-jornalistas-estao-na-lista-do-hsbc/

As mobilizações sociais em torno de mais democracia, maior participação, melhor qualidade dos serviços públicos, combate à corrupção e melhor gasto do dinheiro público são legitimas e devem estar presentes nas ruas sempre. Contudo, o receio da parte progressista da população é que seja feito uso político das manifestações, com a sua captura por grupos e partidos conservadores. Vale lembrar que tais grupos não detêm uma cultura democrática e, principalmente, republicana, estando imersos em denúncias de corrupção em diversos governos estaduais e locais, como é o caso do governo do estado de São Paulo.

O anseio da população é de que se punam de maneira exemplar todas as formas de corrupção. Que se punam os empresários envolvidos, inclusive os donos da mídia. Que se punam os políticos envolvidos de todos os partidos. Que se apurem todos os escândalos: o da Petrobras, mas também os dos trens e metros de São Paulo, bem como o descaso com a crise hídrica. Que se punam todos os responsáveis pelo mensalão, incluindo o mensalão mineiro do PSDB.

A mídia não pode ser o árbitro do que se apura e de quem se pune, assim como nenhum partido político ou governo. O certo é que a indignação seletiva não serve mais para o Brasil.

* Márcio Pozzer é Gestor de Políticas Públicas, mestre em Integração da América Latina pela Universidade de São Paulo, doutorando pelo Instituto de Iberoamerica da Universidade de Salamanca, na Espanha, e da Universidade de São Paulo, e professor do Centro Universitário SENAC-SP.

Nenhum comentário:

Postar um comentário