terça-feira, 18 de agosto de 2015

New York Times faz duro editorial contra o golpismo no Brasil


Jornal GGN - Em editorial publicado ontem (17), o jornal norte-americano The New York Times analisa a crise política do Brasil e afirma que forçar a presidente Dilma Rousseff a deixar o cargo sem evidências concretas de erros causaria um grave dano para a democracia brasileira, que vem se reforçando há 30 anos. “Nada sugere que os líderes à espreita fariam um melhor trabalho na economia”, considera o editorial.
O jornal também fala que a força das instituições brasileiras é uma “boa notícia”, já que os procuradores que investigam a corrupção não foram dissuadidos por posições hierárquicas, e que Dilma, “admiravelmente”, não se esforçou para influenciar as investigações.
Leia o editoral no site do New York Times aqui.
Do UOL
O Brasil está em frangalhos. A economia enfrenta uma recessão que se aprofunda: na última terça-feira (11), a agência Moody's rebaixou a nota de crédito do país para praticamente lixo. Um enorme escândalo de corrupção ligado à companhia nacional de petróleo, Petrobras, envolveu dezenas de políticos e empresários.O legislativo está em revolta. O índice de popularidade da presidente Dilma Rousseff, menos de um ano após sua reeleição, caiu para apenas um dígito, eprotestos em todo o país no domingo (16) reverberaram com pedidos de impeachment.
Em toda essa turbulência, é fácil não ver a boa notícia: a força das instituições democráticas brasileiras. Ao processar a corrupção na Petrobras, os promotores federais de uma unidade especial anticorrupção do Ministério Público não foram dissuadidos por posições hierárquicas, aplicando um golpe na forte cultura da impunidade entre as elites do governo e empresariais.
Antigos executivos da Petrobras foram presos, assim como o rico executivo-chefe da gigante da construção Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e o almirante que supervisionava o programa nuclear secreto do Brasil. Muitos outros enfrentam escrutínio, incluindo o antecessor e mentor de Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Embora as investigações tenham criado enormes problemas políticos para Rousseff e levantado questões sobre seu período de sete anos na presidência [do Conselho de Administração] da Petrobras, antes de se tornar chefe de governo, ela, admiravelmente, não se esforçou para constranger ou influenciar as investigações.
Pelo contrário, constantemente enfatizou que ninguém está acima da lei e apoiou um novo mandato para o promotor-geral encarregado do processo da Petrobras, Rodrigo Janot.
Até agora, as investigações não encontraram provas de atos ilegais de sua parte. E embora Rousseff seja sem dúvida responsável pelas políticas e grande parte da má administração que derrubaram a economia brasileira, estas não são ofensas que levem a um impeachment.
Forçar Rousseff a deixar o cargo sem evidências concretas de erros causaria grave dano à democracia que vem se reforçando há 30 anos, sem qualquer benefício compensatório. E nada sugere que os líderes à espreita fariam um melhor trabalho na economia.
Não há dúvida de que os brasileiros enfrentam tempos difíceis e frustrantes, e as coisas provavelmente vão piorar antes de melhorar. Rousseff também deverá sofrer muito mais críticas e problemas. Mas a solução não deve ser minar as instituições democráticas, que, afinal, são as garantias de estabilidade, credibilidade e governo honesto.
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves


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