quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

2015 – O ano em que fascistas definiram seus alvos e cores, por Alceu Castilho


damavermelha
Camisa do PT, bandeira de movimentos sociais ou a simples discordância motivaram agressões por todo o país; políticos e personalidades foram vítimas da intolerância
Por Alceu Luís Castilho (@alceucastilho)
Em agosto, uma mulher vestiu-se de vermelho e caminhou pela Avenida Paulista, em São Paulo. Foi chamada de “putinha”, “vagabunda”, “corrupta”, “velha doida”. Manteve a dignidade:
Outros que ousaram vestir vermelho – ou defender o governo, ou combater o golpismo – durante manifestações de direita foram xingados, agredidos, expulsos do local. Em muitos casos, com escolta policial absolutamente tolerante às agressões:
O ódio mais recente ao Partido dos Trabalhadores (que recicla o velho ódio ao comunismo) foi um dos motores dessas expressões fascistas em 2015. Ao lado da covardia, do espírito de manada que acossa manifestantes pouco instruídos e pouco tolerantes. Mas não o único. Basta discordar:
SEM LIMITES
Houve até quem se dispusesse a invadir residências, tamanho o descontrole:
Bebê no colo? Fascista que é fascista não está nem aí:
Note-se, aliás, que a intolerância política caminha de mãos dadas com outros obscurantismos:
SAUDADES DA DITADURA
Em muitos momentos foi como se estivéssemos em 1964. Defensores da ditadura, da tortura, colocaram suas garras para fora, numa escala ainda maior que a dos protestos de 2013 – quando já se desenhava a intolerância obscurantista nas ruas:
E, se é para ter saudades do último regime ditatorial, alguns se propuseram a fazer o pacote completo:
Esta notícia de janeiro mostra que um coronel defensor do nazismo ajudou a incitar a pancadaria da polícia, no Rio:
Vale assinalar que a pujança intelectual não se revela o forte de alguns desses manifestantes:
‘HOSTILIZADOS’
A intolerância não ocorre apenas nas manifestações contra o governo. Sair às ruas pode ser motivo para linchamentos morais. E a imprensa nem sempre mostra atenção especial a essas violências.
Observem a palavra utilizada nos títulos abaixo para os insultos sofridos por Chico Buarque, no Rio, e João Pedro Stédile, em Fortaleza:
No caso de Chico Buarque, boa parte da imprensa falou que o músico se envolveu em um “bate-boca” – quando o vídeo mostra que, mesmo sendo chamado de “um merda”, ele se comportou de modo civilizado.
Outras personalidades foram ofendidas e intimidadas em lugares públicos. Entre eles, políticos. Como o ministro Patrus Ananias, o ex-senador (e secretário dos Direitos Humanos em São Paulo) Eduardo Suplicy e o ex-ministro Guido Mantega. Este último, mais de uma vez. Em um restaurante e em um hospital.
‘ISTO É UMA DEMOCRACIA’
A senhora que vestia vermelho na Paulista lembra, singelamente, que vivemos em uma democracia. As imagens dela sendo agredida pelos manifestantes e a fleuma com que reage às ofensas estão entre as mais significativas de 2015:

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