sexta-feira, 25 de março de 2016

Saiu no jornal Alemão Der Spiegel: Golpe Frio no Brasil...


Segue o artigo de Jens Glüsing, para o Der Spiegel (tradução de Marcos Romão):

  Os opositores de Lula  conseguiram o que a sua até então frágil sucessora, Dilma Rousseff, não conseguiu desde que tomou posse: colocar, juntos com o governo, a base do Partido dos Trabalhadores, os sindicatos e os movimentos sociais.

  Centenas de milhares de apoiadores de Lula protestaram na sexta-feira à noite em todo o país contra a tentativa de tirar a presidente do cargo por meio de impeachment.  Na Avenida Paulista, em São Paulo, que é considerada como um termômetro dos protestos, eles ocuparam onze quadras da cidade.

 As manifestações permaneceram calmas, Lula foi conciliador, evitando ataques contra o sistema judiciário e conclamando para o diálogo. Dificilmente se ouviu Incitação ao ódio nas manifestações no Rio e em São Paulo. Bem ao contrário do protestos contra o governo na semana passada, em que cada vez mais rebeldes extremistas de direita e caronas da desordem ganham voz. Eles não representam a maioria dos manifestantes, mas  ganham popularidade. Isto é preocupante para o ainda jovem democracia brasileira.

 Pela primeira vez desde o fim da ditadura militar em meados dos anos oitenta, o maior país da América Latina sofre uma Crise de Estado que poderia destruir muitas das realizações dos últimos trinta anos. Parte da oposição e o Judiciário. juntamente com o grupo da poderosa TV Globo, tem inflamados os ânimos e desencadeado verdadeira uma caça às bruxas contra o ex-presidente Lula.


 Sérgio Moro, juíz ambiciosos de Curitiba, Sul do Brasil, aparentemente, tem apenas um objetivo: levar o ex-presidente para trás das grades. Moro comanda os inquéritos do escândalo de corrupção que envolvem a empresa petrolífera estatal Petrobras, e centenas de gestores, lobistas e políticos, incluindo vários altos representantes do Partido dos Trabalhadores de Lula.
Como um furacão, o juiz varreu a elite política e econômica do Brasil. Ele descobriu bilhões desviados. Mais de cem suspeitos estão na prisão, a maioria sem condenação. Muitos brasileiros celebram os juízes-lo como um herói nacional.
 As evidência são poucas.
 Mas nos últimos meses o sucesso aparentemente subiu à sua cabeça. O juiz faz política, o que não não lhe seria permitido. A publicação de conversas telefônicas interceptadas entre Lula e Dilma poucas horas antes da nomeação de Lula como ministro, perseguiu por si só fins políticos, e foi legalmente duvidosa, para dizer o mínimo.
Moro até agora não tem sido capaz de forjar uma acusação consistente contra Lula, embora dezenas de promotores e agentes federais de Curitiba vasculhassem as finanças e condições de vida pessoais do ex-presidente durante meses. A evidência é ainda escassa.
cunhae
Para aliados de Dilma, Eduardo Cunha protelou início do trâmite na espera de piora no cenário
 Lula não tem milhões na Suíça, como o poderoso presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. Ele é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro, um juiz do Supremo Tribunal de Justiça referiu a ele como um criminoso. Mas isso não impede que Cunha assuma a presidência da comissão, que é responsável pelo impeachment da presidente.
Nesta honrosa comissão de impeachment, senta-se entre outros, um ex-governador de São Paulo, que foi condenado na França por acusações de corrupção, mas não foi entregue pelos brasileiros, porque ele é brasileiro.
O fato de que tais figuras possam dizer palavras decisórias para derrubar uma presidente, que até agora não tem nenhuma culpa que a incrimine. destrói a legitimidade de todo o processo.
Seguidores de Lula alertam sobre estar acontecendo um golpe frio contra a democracia brasileira. Essa preocupação não é sem sentido.

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