sexta-feira, 13 de maio de 2016

Jornal do Brasil transcreve The New York Times: Dilma paga preço 'desproporcional', enquanto detratores figuram escândalos


Crise política afeta fé na saúde da jovem democracia, destaca jornal norte-americano


Jornal do Brasil
Em editorial publicado na versão impressa desta sexta-feira (13), o New York Times aponta que a presidente afastada Dilma Rousseff paga um "desproporcional" alto preço por erros de administração, enquanto muitos de seus mais vigorosos detratores são acusados de crimes bem mais graves. Além de passar pela pior recessão desde 1930, frisa o Conselho Editorial do jornal norte-americano, agora o Brasil assiste à crise política debilitar a confiança na saúde de uma jovem democracia. 
Para o jornal norte-americano, Dilma Rousseff pode até ter problemas no trato político e ter uma liderança que não impressiona, mas não há "evidência de que ela tenha abusado de seu poder para obter vantagem pessoal", enquanto muitos dos políticos que orquestram sua queda têm sido implicados em um enorme volume de escândalos de propina. 
O presidente interino Michel Temer, por exemplo, salienta o editorial, pode ficar inelegível por oito anos porque autoridades eleitorais recentemente apontaram violação aos limites de financiamento de campanha.

"Muitos suspeitam que os esforços para tirar a Sra. Rousseff têm mais a ver com a decisão dela de permitir que promotores avançassem com investigações na Petrobras"
"Muitos suspeitam que os esforços para tirar a Sra. Rousseff têm mais a ver com a decisão dela de permitir que promotores avançassem com investigações na Petrobras"

"Horas depois dos senadores votarem esmagadoramente para colocá-la em julgamento por suposta manobra financeira, a presidente do Brasil Dilma Rousseff denunciou o esforço para afastá-la como um golpe. 'Eu posso ter cometido vários erros, mas eu nunca cometi crimes', disse a Sra. Rousseff. Isso é discutível, mas a Sra. Rousseff está certa em questionar os motivos e a autoridade moral dos políticos que procuram derrubá-la", inicia o editorial. 
NYT lembra que na semana passada o Supremo brasileiro determinou que Eduardo Cunha, "o veterano parlamentar que liderou o esforço para derrubar a Sra. Rousseff", deveria ser afastado do cargo por prática de corrupção. 
A presidente Dilma é acusada de usar Dilma de bancos estatais para encobrir déficits orçamentários, "uma tática que outros líderes brasileiros empregaram no passado sem enfrentarem tamanho escrutínio". "Muitos suspeitam, contudo, que os esforços para tirar a Sra. Rousseff têm mais a ver com a decisão dela de permitir que promotores avançassem com as investigações na Petrobras, a companhia estatal de petróleo."


Compondo este quadro problemático, o governo ainda lida com o surto do vírus zika, pouco antes do início da Olimpíada no Rio de Janeiro.
"As recentes investigações sobre corrupção, que têm exposto uma podre elite que governa, têm indignado os brasileiros. Se o mandato da Sra. Rousseff é encurtado, os brasileiros deveriam ter a permissão para eleger um novo líder prontamente", sugere o New York Times
"Uma nova eleição poderia ser feita em breve se a corte eleitoral, que tem investigado alegações de que o dinheiro do escândalo da Petrobras teria ido para a campanha da Sra. Rousseff em 2014, invalidar sua última vitória. Alternativamente, o Congresso poderia aprovar uma lei para convocar eleições antecipadas", completa o editorial.
Enquanto Dilma Rousseff não gerenciou efetivamente o país, salienta o NYT, os senadores que aprovaram sua saída precisam lembrar que ela foi eleita duas vezes, e que o Partido dos Trabalhadores ainda têm um apoio considerável, principalmente entre os milhões que foram tirados da pobreza nas últimas décadas. 
"A confiança na Sra. Rousseff e no seu partido podem ter afundado nos últimos meses. Mas a Sra. Rousseff está para pagar um desproporcional alto preço por erros de administração, enquanto muitos de seus mais vigorosos detratores são acusados de crimes bem mais graves. Eles precisam perceber que muito do fogo que tem sido direcionado a ela vai em breve ser redirecionado a eles", conclui o editorial.
Por Pamela Mascarenhas

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