segunda-feira, 13 de junho de 2016

A obsessão de Moro e Dellagnol no Farsa a Jato: Quem não seguir o script do golpe vai preso, por Armando Coelho Neto



Quem não seguir o script do golpe vai preso
por Armando Rodrigues Coelho Neto, jornalista e delegado aposentado da Polícia Federal
Na medida em que a ficha técnica do golpe vai sendo revelada, mentores, autores, operadores das casas das máquinas, também vem ficando claro a inconsistência da seriedade da Farsa Jato. Como queria que fosse séria! As evidências não  autorizam e só se pode concluir pelo inverso. Qualquer um pode presumir que por ignorância ou conivências o País está diante de um inexorável pacto pró-corrupção.
Ainda que corrupção seja um problema, no caso do Brasil, o problema não era e não é a corrupção, mas sim de quem tem o direito de exercê-la; em jogo as prerrogativas de quem pode ser quem no mundo da corrupção; quem tem a prelazia da impunidade. E daí ser possível fazer outra presunção, a de que Sérgio Moro, Ministério Público  e os delegados da PF mesmo bem preparados, seguem um estranho script. Em clima de censura à liberdade de expressão, melhor ser prudente no trato das entranhas do golpe.
É improvável que se desconheça que empresas transnacionais com sede em países desenvolvidos viviam empenhadas na corrupção de funcionários públicos de países em desenvolvimento, como o Brasil. Uma prática em geral acobertada pelo sistema bancário internacional, até que o fatídico 11 de setembro de 2001 revelou o óbvio: o dinheiro do terror percorria o mesmo subterrâneo do dinheiro da corrupção.
Daí ser importante lembrar o papel da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), um dos itens, aliás, enfocados no mais recente Congresso Nacional de Delegados da Polícia Federal, em Vitória/ES, financiado em parte com verba pública, enquanto um outro mais antigo fora financiado pela impoluta Confederação Brasileira de Futebol (CBF), em Fortaleza/CE .
Pois bem. Criada em 1948, a OCDE é uma organização internacional composta por 34 países regidos por respeito aos princípios da democracia representativa e da economia de livre mercado. Dela fazem parte nações com elevado PIB per capita e bom IDH (Índice de Desenvolvimento Humano).  Voltada para a economia, busca solucionar problemas comuns e coordenar políticas domésticas e internacionais.
Com estatutos complexos, os países ligados à OCDE não podem, por exemplo, perdoar dívidas, um dos fatores que impedem o Brasil de se tornar membro, já que perdoou dívida, por exemplo, do Haiti. Mesmo fora, o Brasil tem status de membro pleno, por conta do empenho do Governo Federal na trilha moralizadora, sobretudo adotando (espontaneamente) leis em conformidade com aquela organização.
Desse modo, em 2014, a OCDE destacou os avanços no Brasil no combate à corrupção. Chegou a enaltecer a aprovação da Lei da Empresa Limpa, bem como o papel da Controladoria-Geral da União (CGU), além dos incentivos a programas de compliance, que, grosseiramente, é uma espécie de ajuste de condutas para empresas e instituições, cuja violação gera multas e perda de credibilidade.
Até pouco tempo, a OCDE só emitia recomendações de conduta e pais nenhum era obrigado a cumprir; Coletou decepções: a Alemanha, até 1999, permitia que suas empresas deduzissem do imposto de renda a propina paga em países como o Brasil. A Suécia, o Japão... também eram tolerantes, embora não permitissem a dedução. Por que a mídia golpista, FIESP, maçonaria, PF, MPF, JF fingiam desconhecer isso?
A rigor, fingia-se não saber que o Brasil, há tempos, era e é alinhado a um bloco de países corruptos. Somente após as orientações da OCDE serem convertidas em tratados internacionais, os países membros a foram obrigados a seguirem seus ditames, decidiram ser mais sérios no combate à corrupção. Empresas e Justiça entraram em acordo, multas foram pagas, empresas continuaram atuando, não houve desemprego em massa e os governantes foram aplaudidos.
Já no Brasil, que adotou espontaneamente as mesmas leis, rompeu-se a ordem jurídica, assassinaram reputações, usaram prisões temporárias como forma de coação, delações foram adrede vazadas, prenderam empresários e quebraram empresas. Agravaram a crise - outro item do golpe, e para completar, tentam derrubar a Presidente da República. Com o país nas mãos de uma quadrilha, parte dela vive sob ameaça de prisão. Quem não seguir o script do golpe vai preso e as prisões já pedidas seriam meras coincidências.
Armando Rodrigues Coelho Neto - jornalista e advogado, delegado aposentado da Polícia Federal e ex-representante da Interpol em São Paulo

Fonte: Jornal GGN

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