quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Evidências internacionals da corrupção dos golpistas:Uruguai diz que Serra tentou 'comprar voto' do país para evitar que Venezuela assuma Mercosul

Do Ópera Mundi:

'Serra disse que, se suspendêssemos transferência, nos levaria em negociações com outros países', disse chanceler; Itamaraty pediu esclarecimentos

O chanceler uruguaio, Rodolfo Nin Novoa, disse que o ministro das Relações Exteriores brasileiro, José Serra, tentou “comprar o voto do Uruguai” ao pedir que não transferisse a presidência pró-tempore do Mercosul à Venezuela.

“Não gostamos muito de que Serra tenha vindo visitar o Uruguai para nos dizer — ele fez disso algo público, por isso digo — que vinha com a pretensão de que se suspendesse a transferência [da Presidência do Mercosul] e que, além disso, se nós a suspendêssemos, nos levaria em negociações com outros países, tentando comprar o voto do Uruguai”, disse Novoa durante a Comissão de Assuntos Internacionais de Deputados na última quarta-feira (10/08), cuja declaração transcrita foi publicada pelo jornal local El País, que teve acesso ao documento.

José Cruz/Agência Brasil

Chanceler disse que Serra tentou "comprar voto" do Uruguai para evitar transferência de Presidência do Mercosul para Venezuela
Na visita ao país vizinho no início de julho, Serra esteve acompanhado do ex-presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso para uma reunião com o presidente uruguaio Tabaré Vázquez. Em entrevista coletiva de imprensa, Serra afirmou que o Brasil faria uma “grande ofensiva” comercial na África e no Irã e queria que apenas o Uruguai, entre todos os outros países do Mercosul, participasse como “sócio”. Para tanto, o Uruguai deveria suspender a transferência da Presidência rotativa do bloco, o que a nação cisplatina não fez.
 “O presidente o respondeu de maneira clara e contundente: o Uruguai cumprirá com a normativa [do bloco] e vai convocar a mudança da Presidência”, informou Novoa, dizendo que a atitude de Serra “incomodou muito” o presidente Vázquez.
“O Uruguai não iria permanecer na presidência de jeito nenhum; atendendo a norma, em seis meses, deixaríamos o cargo”, afirmou.
O ministro ainda disse que Montevidéu entende que a “Venezuela é o legítimo ocupante da presidência pró-tempore, portanto, quando convocar uma reunião o governo uruguaio irá. Se os outros não forem, a responsabilidade será deles”.
Para ele, Brasil, Paraguai e Argentina — que não reconheceram a Venezuela à frente do bloco — querem “fazer bullying” contra o país. “Eu digo com todas as letras. Eles pulam o jurídico, que contém o corpo normativo [do Mercosul], e, alegando razões que não estão aqui, querem eludir, erodir, fazer bullying contra Presidência da Venezuela. Esta é a pura verdade”, afirmou.
No entanto, o ministro uruguaio ponderou que o impasse pelo cargo do Mercosul “não poderá se repetir em dezembro, quando a Venezuela tenha que passa-lo à Argentina”.
Em resposta, o Itamaraty afirmou por meio de comunicado oficial, que a visita realizada por Serra ao Uruguai visava aprofundar as relações entre os dois países e, assim, o "governo brasileiro recebeu com profundo descontentamento e surpresa as declarações do chanceler Novoa". "O teor das declarações não é compatível com a excelência das relações entre o Brasil e o Uruguai", consta na nota.
 
O Itamaraty também afirmou que convocou nesta tarde o embaixador uruguaio em Brasília para uma reunião em que o Secretário-Geral das Relações Exteriores brasileiro, Marcos Galvão, expressou "profundo descontetamento com as declarações e solicitou esclarecimentos".
Impasse na Presidência rotativa
Quando Montevidéu anunciou o fim de sua liderança à frente do bloco sul-americano, em 29 de julho, a Venezuela automaticamente assumiu a Presidência, apenas informando as chancelarias dos outros membros e realizando sua cerimônia de posse no dia 5 de agosto.
A atitude incomodou Brasil, Paraguai e Argentina, que não viam o processo como algo automático e alegaram que a nação passa por problemas econômicos e políticos, não cumprindo com os requisitos para liderar.
Em consequência, os três países rejeitaram a Presidência venezuelana e sugeriram um governo coletivo comandado por um conselho de embaixadores. Além disso, o Paraguai pediu uma “revisão jurídica” do protocolo de adesão de Caracas, após afirmar que houve “descumprimento das obrigações contidas nos referidos instrumentos”.
Em resposta, o Uruguai, que defende o direito de a Venezuela assumir, afirmou que “não está prevista em nenhum lugar uma Presidência coletiva”, apesar de reconhecer que o país não cumpriu “compromissos” do Protocolo de Adesão do Mercosul.
A acusação, contudo, foi rechaçada por Caracas, que classificou o pedido paraguaio como uma “manobra falsária e antijurídica” por parte da nação, aliada ao Brasil e a Argentina.
A Venezuela “não só incorporou grande parte do compêndio normativo do Mercosul” como “igualou, e na maioria dos casos superou, os Estados Partes, que, estando desde o início da fundação do Mercosul, não internalizaram todo seu acervo normativo”, disse a chancelaria venezuelana por meio de comunicado divulgado na segunda-feira (15/08).

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