segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Rascunho Epistemológico: O fariseus de Temer e o medo das mulheres que sabem gozar, por Wellington Pereira





  O gozo das elites brasileiras não atingiu o clímax: falta prender Lula. A prisão do ex-presidente, nordestino, analfabeto, para a classe dominante (e por favor não se sinta ofendido, porque a classe dominante no Brasil é dona de tudo mesmo e não tem empego público e, ao contrário de nós, não paga impostos e tem dinheiro para fazer análise) é uma espécie de Santo Graal da Política. Enquanto isso, jovens herdeiros das dominações com dinheiro público agridem atrizes, compositores, artistas em geral, nas ruas do Brasil. Uma mulher - classe média - chama uma atriz de puta, um termo que a cultura judaica-cristã tirou do domínio dos fariseus. Jesus nunca teve medo das putas, por isso devolveu as pedras atiradas em Maria de Magdalena à hipocrisia dos poderosos de seus tempo. Mas o debate político no Brasil é reles: quer agredir a essência do Ser a partir da separação entre corpo e alma. As elites podem comprar seus gozos, estranhos, fragmentados, escópicos, mas a classe média - entrando no terreno da moralidade política - pensa ter o mesmo poder de gozo. Ora, o gozo dos que xingam de puta mulheres, artistas e atrizes é vicário, de segunda e terceira categorias. Os fariseus do governo Temer são os mesmos: escolhem as putas como bodes expiatórios para justificar a falsa moralidade. É o medo das mulheres que sabem gozar com arte e estética, por isso chamaram a atriz Letícia Sabatella (foto) de puta.

Wellington Pereira é professor de Sociologia e Comunicação na Universidade Federal da Paraíba, UFPB

Nenhum comentário:

Postar um comentário